quarta-feira, 16 de junho de 2010

Dia 2 – Domingo


Crepúsculo

Eu trabalho numa livraria e desde o primeiro suspiro do livro Crépusculo de Stephenie Meyer (antes de fazer o sucesso que fez entre os adolescentes) nunca me interessei pela saga. Parte pelo afeto que dedico à Annie Rice – acabei me convencendo que ninguém a superaria nesse tema – parte pela idéia de mais uma série destinada à classificação norte americana “jovens adultos”. Eu não imaginei que ganharia tamanha proporção e simplesmente fui vivendo sem prestar a menor atenção ao casal mais popular das histórias atuais.

Pois é, não deu mais pra ignorar a comoção que Stephenie Meyer tem provocado e meu interesse cresceu. Liguei a TV e lá estava começando o primeiro filme da saga. Hora perfeita pra me interar dos acontecimentos juvenis. Preciso dizer que esperava algo completamente diferente. Achei que a protagonista seria mais estereotipada e mais pefeita-inalcansável. Ponto positivo para Meyer. Por outro lado, chamar vampiro de vegetariano só por que ele come animais ao invés de humanos é apelar para conceitos já formados como positivos na cabeça das criancinhas de hoje.

Vamos ao filme.

Catherine Hardwicke estreou como diretora em 2003 com o filme Aos Treze. Entre outros filmes dirigiu Os Reis de Dogtownem 2005 e Crepúsculo em 2008. Com esse currículo já deu pra entender que o forte de Hardwicke é mesmo o mundo adolescente.

Crepúsculo, de todos os seus filmes, é o que aparenta ser menos moralista. Tem lá sua mensagem, mas dialoga melhor com a realidade do que os clichês educativos de Aos Treze. Tendo seus outros filmes baseados em histórias reais, buscou um novo estilo num gênero que nunca havia gravado antes, a fantasia (no meu ponto de vista, com sucesso).

Apesar da história não ser lá muito profunda, apresentar vários momentos previsíveis e ter um irritante final feliz (mas isso pode derivar de um livro mal escrito ou de um roteiro mal feito), a ambientação esteve bastante atraente incluindo cenários, figurinos, cortes de cabelo, etc. A simplicidade da maquiagem também ganha pontos, nada de exageros cinematográficos, chegando ao máximo à palidez intensa e necessária de Edward. Outro aspecto sutil, porém bem trabalhado, foi a apresentação dos personagens, que é feita de forma natural e progressiva, de maneira que nem se nota, mas ocorre durante todo o filme.

Kristen Stewart, que interpreta Isabella Swan, se encaixa bem no que era esperado e Robert Pattinson, Edward, progrediu bastante sua atuação desde Cedric em Harry Potter. Nenhum dos dois dá uma aula de interpretação, mas cumprem seus papeis. Alguns bons atores secundários acabam ficando apagados como Anna Kendrick e Jackson Rathbone.

É inegável a estrutura Romeu e Julieta que alguns já tinham comentado. Achei realmente genial esse raciocínio. Ok, a criatividade não conta muito nesse caso, já que a história é uma versão leve de Diários do Vampiro (escrito a 20 anos atrás por L. J. Smith), mas pensem bem. Com o livro O Morro dos Ventos Uivantes sendo o favorito de Bella, qual menina de 15 anos não vai se interessar pela leitura de alguns clássicos que, talvez, nunca leriam? Ainda mais com republicações dos livro com capas específica para esse publico (SIM, isso inclui um adesivo escrito “livro preferido de Bella” na capa). Ao menos vale a pena pelo incentivo à leitura.

Novamente, destaque para a trilha sonora que, tirando bandas senção-teen como Paramore e Linkin Park (adimitamos que era necessário), apresenta bandas fantásticas como Muse, The Black Ghosts, Iron & Wine e Collective Soul. Se as crianças de hoje tiverem esse tipo de influencia, eu sou completamente a favor da Saga Crepúsculo!

terça-feira, 15 de junho de 2010

Dia 1 – Sábado (continuação)

Austrália

Baz Luhrmann dirigiu Strictly Ballroom(1992), Romeu & Julieta (1996), Moulin Rouge (2001) – três filmes que juntos são conhecidos por trilogia da cortina vermelha. Todos eles bastante marcantes, seja pela fotografia, pela coreografia, pelo cenário, pelo figurino ou por tudo isso junto, foram filmes impactantes, ousados e impressionantes.

Com Austrália, Baz Luhrmann traz novamente Nicole Kidman como personagem principal forte, decidida e poderosa, mas dessa vez, menos esférica. Lady Sarah Ashley não é uma personagem que vai te surpreender. Desde o começo do filme, apesar da transformação de uma dama inglesa para uma fazendeira, fica claro qual trajetória que irá seguir. Esse aspecto acaba deixando o filme com ar “água com açúcar” (o que, dependendo do seu gosto cinematográfico, pode ser ótimo). Além disso, a lógica de que a mocinha e o semi-vilão-semi-mocinho (perfeito para Hugh Jackman) ficarão juntos fica óbvio desde o começo. Ambientado na Austrália de 1939 a 1942, é inevitável a idéia de um cenário hostil e duro para cenas românticas, que fica entre o interessante e o piegas.

Fazendo um contra ponto entre o romântico e o western, espertamente Baz coloca um menino mestiço como narrador da trama. Além trazer toda a questão étnica mostrando o conflito cultural, político e religioso das raças branca inglesa e negra aborígene, traz um ar mágico e suaviza o drama com a inocência infantil.
Outra referencia lúdica é feita ao filme O Mágico de Oz com sua música tema sendo interpretada ora pela voz de Nicole Kidman, ora por assovios, ora por uma gaita aborígene - confere um tom dramático e simbólico.

Aparentemente, o filme não é tão marcante por falta de foco. Com três etilos em um longa só (romance, western e guerra) acaba longo de mais e se torna cansativo. Talvez, assistindo ao filme sem expectativas e tirando –o do contexto das três primeiras obras do diretor, aqueles que tem interesse por filmes de romance sintam-se agradados.

Algo que me chamou bastante atenção foi a trilha sonora. Não há como fugir do worldmusic, mas impressionantemente não apela para todos os clichês esperados. Com artistas como Edward Elgar (compositor clássico britânico, morreu em 1934), Ophelia of the Spirits (atista pouco conhecida fora da autrália, mas de estilo próprio dentro do pop), John Butler Trio, Elton John (já acostumado às trilhas étnicas – vide Rei Leão), a música Over the Rainbow interpretada por Juy Garland (não podia faltar) e até músicas que o próprio Baz Luhrmann compôs junto com Felix Meagher .