quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Mino Carta

Não acho que blog seja lugar de colar conteúdos, acho que é o espaço que se tem para produzir algo próprio. Mas não posso deixa de querer mencionar o que li a pouco no blog do Mino Carta – diretor de redação da carta capital (além de já ter dirigidos as equipes criadoras do Jornal da Tarde e das revistas Quatro Rodas, Veja, IstoÉ e CartaCapital).

Então, poderiam m dizer, por que você não escreve o que leu com as próprias palavras?

Sinceramente, eu responderia, eu não chegaria nem aos pés de um texto desses com minhas próprias palavras. Por tanto, está aí o conteúdo copiado, mas devidamente creditado!


http://www.blogdomino.com.br/

Dia 07/10 - A Coisa Nossa

Segundo o presidente do Supremo Tribunal Federal, a reportagem de capa da CartaCapital que lhe desnuda as mazelas é obra de “pistolagem”. Ocorre-me uma dúvida, a seu modo atroz: será que o nosso varão de Plutarco tem familiaridade com pistolas? Creio que melhor entenda de lupara, a espingarda de cano serrado em uso na máfia siciliana. Aliás, já disse das semelhanças entre Brasil e Sicília nos blogs de Paulo Henrique Amorim e de Bob Fernandes, que me procuraram depois da reação de Mendes publicada pelo O Globo de sábado passado. Lá é Cosa Nostra, aqui Coisa Nossa. A máfia siciliana conta com a lei do silêncio imposta ao povo, a trágica omertá, que engole e cancela as ações criminosas cometidas pelas famiglie malavitose. Aqui o estrondoso silêncio é praticado pela mídia, na certeza de que o fato não ocorre se não for noticiado. E depois a tigrada enche a boca, e as páginas, com suas diatribes sobre a liberdade de imprensa, que seria periodicamente ameaçada... As semelhanças com a Sicília são claras, de todo modo, mas no Brasil a omertá é praticada pelos poderosos, unidos em defesa de interesses que estão longe de coincidir com aqueles do País. Por exemplo: é admissível que Gilmar Mendes represente o poder mais alto da Justiça nativa? Coisa Nossa, sem dúvida. E o povo? Que se moa.

Dia 08/10 - Coisa Nossa e Cosa Nostra

Jean-Paul Lagarride dispensa apresentações. Velho companheiro de inúmeras jornadas, algumas amargas. Duro na queda, rijo e ágil aos setenta e poucos, um dia em Amsterdã, outro em Timbuctú, hoje nas ilhas Tonga, amanhã na dacha de Putin. Liga das Faroe para saudar meu retorno à internet, e logo observa: “Você diz que a Coisa Nossa está no poder no Brasil, na Itália Cosa Nostra está há mais tempo”. O Partido Democrata Cristão, de fato, teve ligações com a máfia siciliana e o ponto alto da relação se deu por intermédio de Giulio Andreotti, sete vezes premier. Processado nas três instâncias. Ao cabo, a suprema corte reconheceu suas responsabilidades mas chegou tarde. O delito prescrevera. O homem hoje é senador vitalício e engole hóstias todo dia. Um que não escapou à condenação foi o socialista Bettino Craxi, morreu na Tunísia, onde se refugiara, caso voltasse à Itália, passaria oito anos na cadeia.
O atual premier, Silvio Berlusconi, é algo assim como mistura de Andreotti com Craxi. Tornou-se o homem mais rico da península ao sabor de um currículo imbatível de golpes e trambiques e sua ligação com a máfia começa pelas aventuras dos seus colaboradores mais próximos. Não almoça hóstias, Craxi também não almoçava. Digo a Jean-Paul: “Pois é, mas o Brasil não precisaria seguir os maus exemplos. E ao menos Craxi foi condenado, e houve a Operação Mãos Limpas, que derrubou a cúpula do PDC e do Partido Socialista, sem contar um pelotão de empresários graúdos”. “Sim, sim – retruca – e o que adiantou? Berlusconi, com sua aliança de direita, atinge o fundo do poço, representa o momento pior na história da Itália do pós-guerra, entre outras coisas trata-se de um governo que incentiva o racismo e cria leis para garantir a impunidade dos barões”. “Bem – filosofo – a Itália fica a dez mil quilômetros de distância, e eu estou aqui”. “Bem – admite Jean-Paul – eu não o invejo”. Despede-se, está de partida para Lahore.