sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ecogastronomia e Slow Food

Ultimamente tenho ouvido falar cada vez mais em preservação da natureza, conscientização ecológica, responsabilidade social e qualquer coisa que envolva o futuro verde do mundo. Apesar disso tenho visto pouca coisa mudar. Talvez, por que a pesar de muitas pessoas terem vontade de “salvar o planeta” ainda não tenham descoberto o assunto que realmente as toca a ponto de querer mudar seus hábitos.

Graças a um texto que uma professora da faculdade passou essa semana, descobri o mundo, não tão novo, da ecogastronomia – apresento a todos o meu real interesse na sustentabilidade! Sempre me preocupei um pouco com a importância de economizar água, energia, matérias não renováveis e tudo mais, mas nunca fui de fato uma pessoa empenhada e nem super informada sobre essa questão ecológica, mas admito que passei a me preocupar com várias questões ambientais depois de perceber a óbvia ligação entre sustentabilidade e o simples ato de comer.

O conceito da ecogastronomia parte da fusão entre a alimentação e o prazer de comer com consciência e responsabilidade, percebendo a ligação natural entre a comida e mundo. Para isso é necessário perceber que vivemos hoje num mundo onde tempo e ignorância são dinheiro e não seria diferente no ramo culinário. Fomos treinados por anos a não indagarmos sobre a origem e o fim dos alimentos que estamos comprando e ingerindo. Não temos mais tempo de degustar as refeições e muito menos de prepará-las. Estamos acostumados a comprar o máximo de produtos modificados e industrializados e ingerindo o máximo de material não proveitoso, ou pior, perigoso ao organismo, além de, sem nem sabermos, incentivamos os grandes produtores que em sua grande maioria cultivam a terra até a sua exaustão, utilizam e fornecem produtos de péssima qualidade, exploram a mão de obra, entre vários outros fatores que desencadeiam uma cadeia de ações negativas e que acabam na sua mesa. Esse é o mundo atual, o mundo da Fast Food, mesmo quando a comida não está exposta numa lanchonete.

Em resposta a esse valores que dominaram a sociedade industrial, Carlo Petrini fundou em 1986 o Slow Food, que se transformou em associação em 1989. Hoje é um movimento mundial apoiado por mais de 122 países.

“O princípio básico do movimento é o direito ao prazer da alimentação, utilizando produtos artesanais de qualidade especial, produzidos de forma que respeite tanto o meio ambiente quanto as pessoas responsáveis pela produção, os produtores.

O Slow Food opõe-se à tendência de padronização do alimento no Mundo, e defende a necessidade de que os consumidores estejam bem informados, se tornando co-produtores.

Através dos seus conhecimentos gastronômicos relacionados com a política, a agricultura e o ambiente, o Slow Food tornou-se uma voz ativa na agricultura e na ecologia. As atividades da associação visam defender a biodiversidade na cadeia de distribuição alimentar, difundir a educação do gosto, e aproximar os produtores de consumidores de alimentos especiais através de eventos e iniciativas.”

Partindo mais uma vez do óbvio: se a sua intenção é se alimentar bem, se preocupando com a qualidade e diversidade de nutrientes, com a utilização e renovação da terra, com a economia que será movimentada, precisa se preocupar com a variedade de produtos alimentícios que correm perigo de desaparecer (incluindo grãos, vegetais, frutas, raças de animais, etc) devido ao predomínio das refeições rápidas e do agronegócio industrial. Por tanto a Slow Food tem como uma de suas missões a defesa da biodiversidade.

Outra interessante missão da associação é a educação do gosto que defende a importância de saborear os alimentos, conhecer sua origem, quem o produz e como é preparado. Tem intenção de despertar e treinar o sentido gustativo. Além disso tem como projeto a horta e aulas de culinária nas escolas que proporciona a oportunidade do aprendizado de várias matérias escolares como biologia, ecologia, história, economia, fisiologia, entre outros além é claro cultiva, plantar e cozinhar.

“A Universidade de Ciências Gastronômicas, criada pelo Slow Food, oferece cursos acadêmicos multidisciplinares sobre a ciência e cultura do alimento. A UNISG é o caminho pelo qual o Slow Food une as inovações e pesquisas do mundo científico e acadêmico, com o tradicional conhecimento dos agricultores e produtores de alimento.”

A última missão é unir os produtores e co-produtores promovendo feiras e eventos com foco não apenas nessas categorias mas, também, nos consumidores interessados.